39ª. SESSÃO SOLENE DA 4ª. SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.

 


Em 01 de outubro de 1986.

Presidida pelo Sr. André Forster - Presidente.

Secretariado pelo Sr. Aranha Filho - Secretário “ad hoc”.

Às 14h45min, o Sr. André Forster assume a Presidência.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Prof. Selviro Rodrigues da Silva.

Solicito aos Líderes de Bancada que conduzam ao Plenário as autoridades e personalidades convidadas. (Pausa.) Convido a tomarem assento à Mesa: Dr. Alfredo Santos, representando o Secretário de Educação, Dr. Plácido Steffens; Prof. Clori T. de Oliveira, Reitor do Instituto Porto Alegre; Prof. Selviro Rodrigues da Silva, homenageado, e Sra. Hedy Gladis da Silva, esposa do homenageado.

Falará em nome das Bancadas do PFL, PDS, PMDB e do Vereador independente Jorge Goularte, o Ver. Aranha Filho. E o Ver. Paulo Sant’Ana falará em nome das Bancadas do PDT, PSB e PCB.

Com a palavra, o Ver. Aranha Filho, autor da proposição.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais presentes.

Cumpre-me, neste memorável instante em que a Câmara Municipal outorga o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Prof. Selviro Rodrigues da Silva, hipotecar-lhe o nosso inconfundível reconhecimento pelo seu destacado trabalho como professor de Educação Física, gaúcho, filho de Tupanciretã.

O Prof. Selviro Rodrigues da Silva, por vocação inata, dedicou sua vida à nobre missão de cultura, esporte e humanismo. Soube muito bem preservar a célebre frase romana “Mens sana in corpore sano”. Soube conviver com a juventude e cultivar com ela aquilo que, na Antigüidade, os povos cultos, como os atenienses, impuseram com força de lei - a obrigação de saber nadar, da mesma forma que ocorria em Roma, na Feníncia, em Cartago. Soube o eficiente professor cultivar ente os jovens aquilo que mais tarde os francos, os germanos e os iberos cultivaram com ardor e dedicação.

O atletismo na Grécia e em Roma nos deixou o legado dos jogos olímpicos. E o Prof. Selviro, vivendo com os adolescentes, soube desenvolver a cultura física que proporciona ao jovem a saúde e auxilia na formação do caráter. Soube ele, pois, que existe estreita relação da cultura física com a anatomia, a fisiologia, a higiene e a psicologia.

Idealista personalizado e com grande capacidade de trabalho, amigo de estirpe e companheiro exemplar de árdua jornada realizadora, tanto no Instituto Porto Alegre como em vários colégios do Rio Grande do Sul e departamentos governamentais durante muitos anos. Inteligente, esclarecido e laborioso professor pelo qual, pela solicitude da valiosa profissão escolhida, expressamos nesse momento nossa cordial estima e o nosso reconhecimento. Cidadão de virtudes cívicas, extremado de todos aqueles que fazem ou querem fazer alguma coisa de construtivo e útil para o Rio Grande e para o Brasil. Sua prodigiosa obra está ao alcance de quem queira ver bem para melhor admirar. Sua vida profissional é uma trajetória iluminada.

Nascido em Tupanciretã - como citei há pouco -, é filho de destacada família. De seus pais, temos conhecimento de que foram pessoas que deixaram naquela localidade um marco de virtudes e obras caritativas em favor dos pobres, dos humildes e pessoas doentes que os procuravam.

Tupanciretã é uma terra cujo cenário encanta e deslumbra pelos seus campos vastíssimos onde impera a pecuária e a agricultura. Terra de notáveis gaúchos ruralistas. Uma terra cuja aglomeração humana é prendada de sublime elevação moral e de um seio hospitaleiro. Terra de tradição e de glória de um passado escrito na obra do saudoso Manuelito de Ornellas. É uma terra em que o homem foi feito para a luta e não para o repouso. A sua história tem a dureza da luta.

Dessa terra saiu essa individualidade plasmante de personalidade, realizador de sua própria grandeza, orientando sua vida profissional na especialidade da disciplina de Educação Física e, junto com o Prof. Washington Gutierres, criou a Escola Superior de Educação Física - IPA, no ano de 1971.

Nas quadras de esportes se notabilizou: foi técnico de futebol respeitado e admirado por suas atitudes firmes e coerentes, dirigindo o Renner por vinte anos! Aquele esplêndido time de futebol, campeão do Estado em 1954, representante da Zona Norte: o Grêmio Esportivo Renner.

O Prof. Selviro dirigia com maestria a preparação física, técnica e tática, secundado por seus dois anjos-da-guarda: o Dr. Arnaldo da Costa Filho, médico, e as mãos mágicas do massagista Athaide de Carvalho.

Eram seus pupilos o “golquiper”, Valdir; Orlando, o “beck direito”; Paulistinha, o “beck esquerdo”; Olavo, o “half direito”; Léo, o “center-half”, e Bonzo, o “half-esquerdo”. Os três últimos estão jogando no time do céu, juntamente com Vado, o “half-reserva”.

A linha de “forwards” era formada por Sabiá, “ponteiro direito”; Pedrinho, o “meia-direita”; Juarez, o “center forward”; Ênio Andrade, o “meia esquerda”, hoje brilhando como técnico de futebol, e Joelci, o “ponteiro esquerdo”. E mais Higino, Cláudio, Ivo Andrade e muitos outros.

Foram estrelas em suas mãos Margarida, Saladura, Segura, Cabano (craque do Vasco da Gama), o zagueirão Pedro e o “golquiper” Henrique.

O Prof. Selviro também dirigiu o Internacional e a Seleção Gaúcha de Futebol.

Do “Morro Milenar”, a revista, deparei-me com a homenagem que foi prestada ao Prof. Selviro por ocasião de sua aposentadoria no IPA e seus cinqüenta e sete anos de bons serviços prestados naquela majestosa escola. Como ex-aluno do IPA, como pessoa sensível, não pude me conformar com minha ausência à homenagem. Imediatamente, após a leitura do “Morro Milenar”, fiz uma retrospectiva de minha passagem pelo Instituto Porto Alegre, da Escola e do Prof. Selviro. Em minha mente, a história da Escola e do Professor se confunde uma com a outra. As lembranças das acirradas disputas intercolegiais, os cantos de avante e os gritos de luta. Uma guerra, mas com muita garra e lealdade. A imagem do Prof. Selviro estava sempre presente em todos os acontecimentos. Junto estavam o “Bruxo”, o “Charuto”, O Edson Chaves, os Purfer, o Sune, os professores Bichinho, Aslid, Washington, os Campos e tantos outros... E, como Vereador de Porto Alegre, como político, entendi que poderia me redimir daquela falha, homenageando-o na Casa do Povo de Porto Alegre. Sua vinda a esta casa nos incentiva, nos honra e nos orgulha.

Portanto, nesse mestre encontramos uma permanente dedicação ao esporte e à educação; uma fortaleza que se edificou para defender e propagar uma melhor qualidade de vida à população.

Vamos homenagear o Emérito Professor de Porto Alegre, Prof. Selviro Rodrigues da Silva, de pé:

 

(É executado o hino do IPA. Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Ver. André Forster, Presidente da Casa; Prof. Selviro Rodrigues da Silva, nosso homenageado; Sra. Hedy Gladis da Silva, esposa do homenageado; Sr. Alfredo Santos, representando o Secretário de Educação, Dr. Plácido Steffens; Prof. Clori Trindade de Oliveira, Reitor do Instituto Porto Alegre; Srs. Vereadores, autoridades, convidados, educadores, desportistas. Falo, além da designação honrosa da minha Bancada, cujos Vereadores Isaac Ainhorn, Teresinha Chaise e Kenny Braga emprestaram, como todos os presentes, o prestígio do seu comparecimento a este ato, falo também por designação do Líder do Partido Socialista Brasileiro, Ver. Werner Becker, que me disse que, sendo desportista e tendo acompanhado a trajetória do homenageado no esporte e na Educação Física da nossa juventude, gostaria que eu fosse seu porta-voz; da mesma forma, o Partido Comunista Brasileiro, cujo Líder, Ver. Lauro Hagemann, pediu-me também que eu transmitisse a admiração do seu partido e o seu próprio, de jornalista sensível à causa do esporte e à luta do homenageado.

Confesso que, porque sou cafona e sentimentalista, eu me emocionei quando os do IPA se levantaram e, diante do apelo Ver. Aranha Filho, cantaram o hino daquela casa. Não que eu conheça detida e profundamente a obra do IPA, mas eu imagino a obra do IPA e, circunstancialmente, o meu filho, que tem quinze anos e mede mais do que eu, é hoje aluno daquela escola. Emocionei-me e flagrei no homenageado, também, que era grande sua emoção. Percebi os seus músculos, as suas feições retesarem-se e, num esforço supremo, conteve aquela explosão de orgulho, saudade que lhe invadiu naquele instante e que é hoje, aqui, apenas representada. É uma emoção também contida nos corações e mentes de todos que passaram pelo IPA. E não se pensa em IPA sem ligá-lo a educação física e esporte, ao esporte verdadeiro, ao esporte que resiste ao profissionalismo desviado, que resiste à incúria dos homens públicos, ao esporte que foi muito bem protagonizado por Selviro Rodrigues.

Prof. Selviro, o senhor é daquelas pessoas que se atiram a uma causa por idealismo. O senhor é daquelas pessoas raras, mas fundamentais à humanidade, que não se deixam atrair por outros valores, por maiores que sejam, que não o do ideal, o do amor à causa, à atividade, à profissão. Tenho com o senhor uma relação que talvez o senhor não conheça: atualmente, eu faço natação na escola do seu filho, Ícaro Rodrigues, e quero informar ao senhor, que talvez não tenha percebido isso - atrevo-me a dizer -, que o Ícaro, que está presente aqui, herdou certamente do senhor este idealismo. A ambição pelo dinheiro e pelo lucro sucumbe diante do idealismo do seu filho. Ele construiu, sabe-se lá com que sacrifício, aquela monumental piscina além do Carrefour; ali ele possui centenas de alunos de natação, atendendo-os de forma cordial, atenciosa, devotada, sem o objetivo e, o que é mais importante, sem o resultado do lucro. Custa cento e poucos cruzados nadar três vezes por semana naquela monumental piscina do Ícaro Rodrigues. E quanto ele gasta para que aquelas piscinas funcionem? Quanto ele gasta em lenha, em água? A folha de pagamento dos funcionários e as despesas com aquele imenso ginásio de esportes que o seu idealismo construiu empatam com o que ele recebe das irrisórias mensalidades, pois elas foram tabeladas pelo plano, elogiadíssimo, do Governo - o Plano Cruzado. Mesmo assim, o seu filho não muda de atividade. Fechasse o seu ginásio e o transformasse num bailão e ele enriqueceria. Fechasse o seu ginásio e o transformasse em qualquer tipo de comércio ou até em canchas de futebol de salão para alugar e ele enriqueceria. Ele tem um patrimônio ali, naquela piscina, incalculável, e ele mantém aquele patrimônio incalculável para a educação física de gerações e gerações, ou desta geração, circunstancialmente. Ele herdou isso de V. Sa., certamente, Prof. Selviro Rodrigues, porque o senhor e eles não são filhos nem legítimos, nem adotivos da linhagem e da pecúnia. Os senhores são filhos do idealismo, e, não fossem os senhores, o mundo não teria encaminhamento. Uma prova disso, Prof. Selviro Rodrigues, do que estou dizendo, é que vejo ali, nas galerias, figuras que também representam, sob todos os aspectos, o ideal da sua vida, Prof. Selviro. Vejo ali o Froner, vejo ali o “Cabelinho”, vejo ali o Raul, vejo ali o Aparício, vejo ali o Orlando, o Joeci, vejo ali o Humero Hubel, vejo todas aquelas pessoas que ali se encontram e que talvez fosse fastidioso nominar pela escassez do tempo - todas aquelas pessoas que ali se encontram, raras pessoas, como raro é o senhor, iluminadas pelo incêndio interior do idealismo. Circunstancialmente, como o senhor, foram servidores do profissionalismo porque não havia outra saída, mas dentro do profissionalismo cultivaram o amadorismo e o ideal esportivo. Por isso me emociono, porque, acima de qualquer coisa, Ver. Werner Becker, Ver. Jorge Goularte, Ver. Kenny Braga, Ver. Aranha Filho, Ver. Raul Casa, Ver. Frederico Barbosa, Ver. Mano José, Ver. Luiz Braz, Ver. Caio Lustosa, acima de quaisquer outros valores, nós, que gostamos do futebol, amamos só o futebol, mas, por vezes, nos enojamos do profissionalismo e dos ataques violentos que ele desfecha contra o esporte. O que nós somos, “Cabelinho” - e eu te conheci na terra do Olímpico -, é só torcedores. Circunstancialmente - e isso nos violenta - nós torcemos por jogadores que não raro cultivam a ambição do lucro dentro do nosso campo do amor. Na verdade, o nosso ideal futebolístico seria o de torcermos eternamente por aquele futebol do tempo do Eurico Lara, do tempo em que o jogador até gastava para jogar: o futebol da dedicação, o futebol do orgulho do jogador por vestir uma camiseta, cujas centelhas raríssimas, por vezes - e graças a Deus damos por isso -, vemos em nossos campos de futebol profissional. E é tão aceso, Prof. Selviro, o seu amor pelo esporte, o amor de todos nós, que hoje estamos aqui reunidos para homenagear um herói do amadorismo e do esporte como é o senhor. É tão aceso o nosso amor pelo esporte e pelo futebol, que, na maioria das ocasiões, nós desconhecemos as imundícies do profissionalismo e torcemos por um Grêmio, por um Internacional, por um São José, por um Brasil, por um Pelotas, não querendo saber que os deletérios desvios do profissionalismo estão a manchar aquelas movimentações dentro do campo. Nós amamos o esporte, e é porque o senhor amou o esporte, Prof. Selviro, é porque o seu filho, pela herança de caráter, ama o esporte e despreza os lucros que o esporte possa-lhe trazer muitas vezes.

Esta homenagem que está sendo realizada é a homenagem dos homens puros a um grande homem puro. E nessa selva em que vivemos a pureza não só é necessária, como fundamental. Emocionei-me quando os senhores cantaram o hino do IPA. Os senhores disseram: “Nossa escola majestosa, nosso lar...”. Foi isso que o Prof. Selviro Rodrigues fez do IPA - sua escola majestosa, seu lar; foi isso que o Prof. Selviro Rodrigues fez do Renner. Aquele estadiozinho, à beira da Farrapos, que eu, criança, invadia e furava, era a escola majestosa, era o lar do Prof. Selviro Rodrigues, era a escola majestosa, era o lar do Joeci, que hoje aqui se encontra por felicidade histórica, um dos jogadores daquele Renner que desafiou a grandeza de Grêmio e Internacional e sagrou-se campeão em 1954, com a maestria do Prof. Selviro Rodrigues. Aquele Renner, hoje, aqui também está sendo homenageado, porque ele era fruto do amor de uma empresa ao esporte. E os senhores que ergueram o Renner, e o “Cabelinho”, que chegou a Porto Alegre e viu que entre os clubes o que mais merecia amar era o Renner, por essas razões os senhores hoje aqui se encontram com as suas origens de amor ao esporte, nesta homenagem inesquecível que esta Casa presta a um grande servidor da educação física, do esporte, do futebol: o Prof. Selviro Rodrigues.

Disse-me o Ver. Werner Becker há pouco, quando me encaminhava a esta tribuna, que o Renner só não foi campeão do Brasil porque não existia televisão. É verdade. Quando não existia televisão, o Internacional e o Grêmio não foram campeões do Brasil. Sem a televisão, clubes eram chacinados pelas arbitragens, porque pessoas, e quase sempre as que tinham o partido do clube e que recebiam a dupla grenal fora daqui, assistiam aos crimes que a arbitragem, caracterizada pelos desvios do profissionalismo, cometia contra os clubes gaúchos, e cometeu também contra o Renner, e por isso ele, representando o Rio Grande do Sul, não foi campeão brasileiro. Hoje fica mais difícil de desclassificarem a nós, gaúchos, das pugnas nacionais pela arbitragem ou pelos outros métodos que conhecemos, da deletéria futebolística. Aquele Renner que eu não amava, mas admirava como criança, era, também, como o IPA, uma usina de amor e de ideal. E aquela obra foi sua também, Prof. Selviro Rodrigues, e foi uma obra desta Cidade, Ver. André Forster, atual Presidente da Casa Legislativa Porto-Alegrense. É uma obra inserida no mais precioso relicário do sentimento gaúcho. O Renner e o IPA são obras e são ninhos do nosso homenageado.

Neste instante, a Casa do Povo de Porto Alegre sente-se honrada em abrigar tantos desportistas que se agasalham ainda não no inútil, mas no verdadeiro ideal desportivo. Sente-se honrada em ver figuras tão caras à tradição do esporte e do futebol do Rio Grande do Sul. Entre elas vejo, agora, o meu querido Paulo Lumumba, que esta terra hospitaleira guarda. Não, Lumumba, como um favor a você, mas esta terra lhe guarda com carinho, como você recebe todos os dias nas ruas de Porto Alegre e nas casas de Porto Alegre, pois você é também um homem que fez a sua profissão em cima do ideal desportivo e você ama o futebol e provou em toda a sua carreira, como todas as pessoas que estão aqui amam o esporte.

Prof. Selviro Rodrigues, em nome da Cidade de Porto Alegre, digo-lhe muito obrigado, e não nos esqueceremos de você, como esta ocasião está eloqüentemente a atestar. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Prof. Jorge Farias, Supervisor de 1º e 2º graus do IPA.

 

O SR. JORGE FARIAS: Excelentíssimos Srs. Vereadores, digníssimos Diretores de escolas e professores, prezados convidados, senhoras e senhores. Amigo Prof. Selviro, a família Ipaense sente-se feliz por sua vida.

É uma alegria, honra e privilégio estar com o amigo neste momento de reconhecimento da comunidade de Porto Alegre, por sua grandeza moral, espiritual e profissional, dedicada inteiramente à educação e ao esporte do Rio Grande do Sul. Lembrar sua capacidade profissional, suas qualidades humanas é tarefa fácil, porque sua vida é plenamente voltada para a construção do bem, para a capacitação do homem melhor, para a vitória plena dos sinais de vida em nosso mundo. O seu exemplo de vida, Prof. Selviro, é para todos nós um incentivo na busca do aperfeiçoamento físico e na retidão de caráter.

Professor pioneiro da Educação Física e Desportos no Estado gaúcho, organizando e orientando programas desportivos, formando e treinando equipes esportistas, conquistando títulos inéditos, profissional de vanguarda no meio esportivo do Rio Grande do Sul - por tudo isso, Prof. Selviro, nosso reconhecimento. Somente no IPA foram cinqüenta e seis anos de dedicação, de muito esforço e trabalho, com várias gerações de alunos/atletas que passaram e defenderam ardorosamente as cores azul e amarela da Escola Majestosa do Morro Milenar. O IPA, que hoje, com sua força, Prof. Selviro, é reconhecido nacionalmente pela pujança e tradição esportiva. Por tudo isso, Mestre Selviro, nosso respeito.

A ESEF-IPA, que, dias atrás, completou quinze anos de presença no quadro do ensino superior brasileiro, também é fruto, e em muito, de sua luta, de seu ideal em fazer o esporte pelo esporte, ressaltando sempre o valor integrativo, educativo e formativo como fundamentos de vida para nossa juventude. Por tudo isso, Capitão Selviro, nossa homenagem.

Na área do ensino, o senhor também deixou marcada sua presença no IPA de forma competente e carinhosa, prestou grande contribuição ao primeiro e segundo graus na Coordenação de Curso e, no terceiro grau, na Supervisão de Estágio, como tarefas mais recentes.

Olhando sua trajetória no IPA, Prof. Selviro, não podemos deixar de lembrar o espírito ipaense, força e energia emanadas do amor que sentimos por nossa comunidade escolar. Lembramos ainda o nosso lema - “A verdade vos libertará” - e nosso regime - “liberdade e responsabilidade”. Todos estes fundamentos de vida refletem o que o senhor foi no IPA. Por tudo isso, “Velho” Selviro, nossa amizade:

“Sobre o Morro Milenar/ Ergue a sua força gloriosa,/ Na nossa Escola Majestosa/ No seu Lar./ No Instituto Porto Alegre/ O Senhor, Prof. Selviro, é Glória/ E seu Nome e sua História/ Honraremos./ Que DEUS o abençoe.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Almir Costa, representante do Grêmio Esportivo Renner.

 

O SR. ALMIR COSTA: Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre; Prof. Selviro Rodrigues da Silva; Sr. representante do Secretário de Educação do Estado; Senhores representantes do IPA; Srs. Vereadores, companheiros do Grêmio Esportivo Renner; Senhoras e Senhores. Assumo esta tribuna com muito respeito. Daqui Bonorino Butelli irradiou a sua inteligência, sendo escolhido pela imprensa especializada o melhor Vereador daquela tribuna e depois trocou a política pela magistratura, subindo todos os degraus, sendo hoje o chefe do Poder Judiciário no Estado, na condição de Presidente do Tribunal de Justiça. Simbolizo, nesta figura, ligada por dever de ofício a mim, ligada também, pela filiação política, a todos os Vereadores presentes e passados que honram esta Casa. Falo em nome dos dirigentes, atletas, associados, torcedores do Grêmio Esportivo Renner, o Clube do 4º Distrito do Ver. Aloísio Filho, patrono desta Casa, de saudosa memória. Em nome do Grêmio Esportivo Renner, solidarizamo-nos com a homenagem que se presta ao Prof. Selviro.

Após a Segunda Grande Guerra, nós olhávamos o mundo como Noé o olhou depois que as águas baixaram. Tudo destruído: Varsóvia, Londres, Paris, Berlim, Tóquio, Hiroshima. Um dilúvio de ferro e fogo. Nunca se exigiu tanto do professor como nesses quarenta anos de pós-guerra e nunca se confiou tanto nos alunos do mundo inteiro. Registre-se que o progresso tecnológico e científico desses quarenta anos de pós-guerra não encontra similar em nenhum outro período de quarenta anos da História da humanidade. Professores como tu, Selviro, é que trataram de reorganizar e de reeducar os escombros daquela tragédia. O professor é um substituto do pai, mormente nos países em que o nível de cultura dos pais é mais fraco. E, quando um doutor cheio de PhDs chefia um programa de colocação no espaço de um satélite com uma precisão fantástica ou constrói um computador que realiza proezas jamais imaginadas, os frutos desta conquista não são só do professor de física espacial ou do de cibernética deste líder, mas de todos os seus professores, desde os que o ensinaram a brincar nas maternais. Digo mais: fruto de todos os professores do mundo, que, organizados, associados, trocando idéias, organizaram todo o sistema moderno de ensino. E entre professores estás tu, Selviro.

O Grêmio Esportivo Renner, sobre a tua condução, já foi dito aqui, sagrou-se campeão de futebol profissional da divisão de honra, com caráter regional. Foi o único clube, na era profissional, a conseguir esta façanha fora da dupla grenal. Já se passaram trinta e dois anos e esta façanha ainda não foi repetida. Na condição de representante do Grêmio Esportivo Renner, que seguramente contribui para que tu recebas este título hoje, me parabenizo contigo e com tua família por esta grande honraria. Na condição de munícipe de Porto Alegre, congratulo-me com a Câmara de Vereadores pela iniciativa que nós todos apoiamos, aplaudimos e de que gostamos de ter participado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a que todos, de pé, participem da entrega do título de Cidadão Emérito ao Prof. Selviro Rodrigues da Silva. (Lê o título.)

Convido o Ver. Aranha Filho, autor da proposta, para que passe às mãos do Prof. Selviro o título de Cidadão Emérito (Faz a entrega. Palmas.)

Com a palavra, o nosso Cidadão Emérito, Prof. Selviro Rodrigues da Silva.

 

O SR. SELVIRO RODRIGUES DA SILVA: Sr. Presidente André Forster, Srs. Vereadores, eu tenho que contar uma passagem para a gente se descontrair e para a emoção passar um pouco.

Quando o meu particular amigo Dr. Farias Guimarães recebeu também o título de Cidadão Emérito, a minha filha Içara esteve presente me representando e pedi para ela ver como funcionavam essas homenagens, já que eu não estava em Porto Alegre. Na minha chegada, ela foi até a minha casa e me informou de que eu deveria fazer um discurso. “E tens que ir de gravata.” A gravata não teria problema, pois daquela hora em diante eu até dormiria de gravata para me acostumar. Mas o discurso ficou difícil, porque não tenho vocação para orador. Teria que enfrentar esses Vereadores que são grandes oradores. Mas vou falar colocando o coração acima da cabeça. Tudo o que disser vem do fundo do coração.

Quando aqui cheguei fiquei três vezes emocionado: a primeira emoção foi que, pela primeira vez, visito a nossa Câmara; a segunda, sem dúvida nenhuma, ao olhar para todos os presentes, voltei ao passado de todas aquelas atividades como professor e profissional no meio esportivo; e a terceira, por ter a proposta feita para esta homenagem de Cidadão Emérito partido de um ex-aluno meu. A gente, durante toda a fase de profissão, tem muitos planos e deseja conseguir coisas maravilhosas. Todos atingimos o que desejamos. Mas, depois de conseguirmos tudo, passamos a uma fase muito interessante e, então, passamos a torcer pelos nossos ex-alunos, por aqueles que trabalharam conosco e desejando que eles nos superem. E tudo isso que eu sempre desejei aconteceu. Lá no IPA mesmo, aqueles que haviam sido meus alunos foram meus reitores. O meu amigo Martim Aranha Filho, que foi meu aluno, com muitos méritos atingiu aqui a Câmara de Vereadores. E eu não consegui nada disso, mas fiquei muito feliz, porque eles nos superaram. E assim é o nosso desejo; aqueles que foram comandados por nós, que nos superem, porque aí há a possibilidade de esses jovens prestarem um grande serviço a nossa Pátria.

Srs. Vereadores, nossos representantes, sei da dedicação dos senhores por esta Casa, sei do amor que os senhores têm por esta Cidade, por todos os projetos, por todas as iniciativas dos senhores. Muitas vezes, pela televisão, observei, nas épocas de eleição, os senhores rumarem para estas vilas, as quais para nós, brasileiros, constituem um fato triste. E sei agora que os senhores que foram eleitos, que estão aqui, na Câmara, vão fazer muito por estas vilas miseráveis, em que a criança, principalmente, é a maior atingida. E sei, também, que os senhores vão contribuir muito para a administração do nosso Prefeito Alceu Collares, concordando, quando os senhores acharem que as iniciativas do nosso Prefeito estão certas, e discordando, quando vocês acharem que não é bom para o povo, e criticando, quando for necessário. Porque a crítica honesta e equilibrada é muito mais eficiente do que um elogio falso. Srs. Vereadores, sei que os senhores vão fazer muito pela nossa Cidade; e a nossa Cidade, cada vez mais, vai se tornar uma metrópole muito conhecida. Agora, olhando para os senhores, que fizeram parte das minhas amizades e do meu trabalho, olhando para os representantes do IPA, tantos presentes, entre eles o atual Reitor, Dr. Clori... O Dr. Clori tem uma grande responsabilidade na Escola Majestosa que é o IPA. Dr. Clori, eu vi o IPA crescer. O IPA é uma relíquia do Brasil e, principalmente, do Rio Grande do Sul. Conserve aquelas tradições, conserve aquela alma, conserve aquele espírito criado pelo grande educador Oscar Machado.

Meus companheiros do Renner! Sempre tenho dito e aqui repito: aquela jornada gloriosa, inacreditável, não poderia ser trabalho de uma só pessoa. Muitas pessoas, muitos amigos, muitos profissionais tomaram parte da mesma e, principalmente, os nossos inesquecíveis craques. Aquela grande indústria nos deu um apoio ilimitado. Assim que eu sempre tenho transferido aquela jornada para todos aqueles que contribuíram conosco. Não é trabalho de uma pessoa só - é de muitas.

Quero agradecer a palavra do Ver. Sant’Ana, a quem sempre admirei. Tocou-me fundo, quando ele falou do IPA. Foi uma maravilha! O IPA é aquilo mesmo que o senhor falou. A palavra do meu grande companheiro e amigo Dr. Almir, nosso advogado, que defendia os nossos craques na Federação; e ao Jorge, meu substituto na Coordenação do segundo grau do IPA. Agora, aqui, uma palavra toda especial ao meu ex-aluno Martim Aranha Filho: quero agradecer pela sua proposta, pelo título tão honroso para mim, de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Acho que para receber esse título eu deveria ter feito muito mais. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos este ato, agradecendo a presença de todos que aqui vieram prestigiar esta solenidade, dizendo ao Prof. Selviro que foi uma honra para este Legislativo poder reunir-se, nesta oportunidade, para prestar esta justa homenagem.

Ao encerramos, convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária, que reabriremos, dentro de dez minutos.Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h45min.)

 

Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 1º de outubro de 1986.

 

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